Blog

Portugal: uma terra nobre e cheia de história

30 de Outubro de 2017
Alvejado por um grito de “Terra à vista” que ecoou pela nau São Gabriel, primeira de uma frota formada por outras 12 embarcações, Pedro Álvares Cabral validou naquele 22 de abril de 1500 não só o início de um novo processo de colonização por parte dos portugueses, mas, acima de tudo, e que prevalece até hoje, a formação de um povo inquieto, com desejo de desbravar, talvez fruto do DNA além-mar.
Em busca de novas experiências, para alguns um real reencontro com suas raízes, brasileiros vêm fazendo o caminho inverso ao dos antepassados, cruzando o Atlântico para descobrir Portugal. E na contramão da grande maioria que opta pelo lugar comum, elegendo Lisboa, Porto ou Algarve como sede dessa vida nova, há os que rasgam fronteiras, transformando-se em bandeirantes de uma nova era.
Rumam Portugal adentro, e o fazem não só como turistas, mas em muitos casos investindo no mercado imobiliário, tentando escapar da crise financeira no Brasil.
No segundo trimestre do ano passado, de acordo com o Gabinete de Estudos da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (Apemip), os brasileiros tornaram-se os maiores investidores nesse setor fora da União Européia, representando 10% do mercado. Globalmente, perdem apenas para o Reino Unido (19%) e a França (25%).
E é para o centro desse país cujo território é de 92.212 km quadrados, pouco mais que duas vezes o tamanho do Espírito Santo (46.095 km quadrados), que voltou-se o foco dos mais atentos à rentabilidade financeira.
Rica em beleza natural, formada por importantes reservas naturais e maciços montanhosos, como as serras da Estrela, do Açor, do Buçaco e de Lousã, essa parte de Portugal, chamada de Beiras, vem testemunhando uma ampliação do seu conglomerado de hotéis, muitos de propriedade de estrangeiros. Dentre esses novos investidores inserem-se ingleses, holandeses, belgas, alemães e até brasileiro, no caso, o jornalista e empresário Rodrigo Prado, com a sua Quinta Moinhos do Alva.
Quanto à história, ela se faz presente em cada pedaço desse Portugal pouco explorado. Além das velhas e típicas aldeias (como Piódão, eleita uma das 7 Maravilhas de Portugal) e de uma culinária tradicionalíssima, castelos, mosteiros e fortificações acompanham a trajetória de quem atravessa essa região.
O Mosteiro da Batalha, por exemplo, remete o turista ao ano 1386, quando começou a ser construído por ordem do então rei Dom João I. O Palácio do Buçaco, último legado dos reis de Portugal, teve sua historia iniciada no seculo XIX.
As ruínas de Conimbriga – importante estação arqueológica romana, datada de antes de 130 antes de Cristo - e os seculares castelos de Condeixa-a-Nova, Leiria e Montemor-o-Velho incluem-se entre as inúmeras atrações.
Nessa mesma região encontra-se um dos mais importantes centros de peregrinação católica do mundo, o Santuário de Fátima, cujo número de visitas anuais ultrapassa a casa dos 4 milhões de pessoas.
 
Relevância de Portugal 
Tal qual o povo brasileiro, os portugueses não dispensam a oportunidade de se aventurar mundo afora. Conforme estimativa das Nações Unidas, o emigrantes do país somavam 2.306.321 em 2015. Foi considerado o país europeu com maior debandada.
No Brasil, por sua vez, estimativa baseada nos relatórios consultares enviados ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil, também em 2015 eram 3.083.255 os brasileiros vivendo em outros países. Só em Portugal, o número era de 116.271.
Mas ao contrário de outros tempos, muitos são os “brazucas” que hoje em dia elegem as aldeias e vilas pitorescas de Portugal na expectativa de conviver com o genuíno. E aí entra não só a região central, mas o interior do país como um todo.
É exatamente o que encontram, um Portugal que ainda mantém um bocado das suas tradições, com manifestações culturais de idos tempos, uma culinária tirada do quintal de casa e das florestas (em épocas de caça liberada), conversas sobre a medicina caseira funcional e miraculosa de outras épocas… sem contar o rico acervo histórico.
Igual em qualquer canto do mundo? Aparentemente, sim. O que difere é o fato de o ar que se respira por estas bandas ser de uma história que nos remete lá atrás, à pré-história, bem antes da fundação do Reino de Portugal, em 1139, do reconhecimento de sua independência, em 1143, e da definição de suas fronteiras, em 1297 (o que faz do país o mais antigo Estado-Nação da Europa).
Por aqui respira-se a história. Pode-se conviver não só com uma arquitetura que viaja por séculos, mas também com a arte rupestre, principalmente no Vale do Coa, cuja datação é do ano 22.000 antes de Cristo (mais antigo registro de atividade humana de gravação existente no mundo).
 
 
 
Texto: Rodrigo Prado